DENTRO E FORA
LARA JACINTO
Dentro e Fora refere-se a um universo dominado pelo silêncio. Uma comunidade vive separada do mundo com a convicção de que só na reclusão, longe de todo o ruído que atravessa os dias, se pode chegar aos lugares mais profundos do pensamento. Nesta espécie de bolha vive-se segundo uma lógica familiar. Persistem rituais que marcam o dia-a-dia em silêncio e oração, no qual se tece e aprofunda a intimidade do espaço da casa e onde a união ampara e protege, como uma árvore numa floresta.
No filme O Grande Silêncio, de Philip Groning, um monge da Grande Chartreuse, casa-mãe da Ordem dos Monges Cartuxos, reflete sobre a ideia de que condicionar o que liga ao mundo permite absorver mais profundamente o que está diante de nós: «Com frequência agradeço a Deus que me tenha deixado ser cego. Tenho a certeza que deixou isto acontecer para o bem da minha alma».
A escuridão esclarece. Ser cego é, para este monge, condição para ver melhor.
John Cage, na sua obra 4’33” fala-nos sobre a necessidade de criar condições para que o espectador esteja disponível para a fruição da obra de arte. É a partir do silêncio, da supressão de ruído, que a escuta se torna possível. A abundância de estímulos, que invadem constantemente os espaços do quotidiano, enfraquece a capacidade de descoberta dos indivíduos, dificulta o encontro com o que se insinua lentamente. Byung-Chul Han, no livro A salvação do Belo demonstra que, neste estado de alerta permanente, é impossível cumprir funções que se desenvolvem a um ritmo diferente, que exigem exclusividade, como o pensamento crítico. É preciso mastigar e digerir. O silêncio é neste contexto uma forma de resistência e de salvação.
CÂMARA
LA LOUPE ET SES ÉCRITS
Fernanda Toniazzi
SEM MOVIMENTOS VOLUNTÁRIOS
Pedro Magalhães
BULDONHE
Miguel Teodoro
RUÍNAS E REMINISCÊNCIA
Bernardo Sousa Santos
TRÊS ATELIERS DE ARTISTAS CONTEMPORÂNEAS
Maria João Ferreira
Instituto de Investigação em Arte, Design e Sociedade
Faculdade de Belas Artes
Universidade do Porto
Avenida Rodrigues de Freitas, 265
4049-021 Porto
Este trabalho é financiado por fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e Tecnologia, I.P., no âmbito do projecto UIDP/04395/2020