Ana Pereira
1
2
Luís da Câmara Pestana (Fig. 1) foi um higienista e professor universitário, considerado um dos pioneiros da bacteriologia em Portugal. Natural da Madeira, frequenta a escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, finalizando o seu curso em 1889 com a tese O micróbio do carcinoma, revelando o seu interesse pela microbiologia.
É o médico escolhido pelo estado português para uma viagem-estudo centrada na investigação em torno da bacteriologia e da vacinação antituberculínica desenvolvida por Robert Koch desde 1890.
Em Paris frequenta os laboratórios e hospitais onde se desenvolve investigação clínica sobre as novas descobertas da bacteriologia, acompanhando as lições de André Chantemesse (1851-1919), os trabalhos clínicos do professor Pierre Charles Édouard Potain (1825-1901) e a investigação laboratorial de André-Victor Cornil (1837-1908). Aprende os processos de inoculação anti-rábica, acabando a sua aprendizagem no laboratório de Isidor Straus (1845-1896) onde principia uma investigação sobre as toxinas do tétano, apresentando uma comunicação a 27 de Junho de 1891 na Faculdade de Medicina de Paris[1].
É nomeado preparador de bacteriologia pela direcção da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa e para encerrar esse ano de estudos e análises, faz uma conferência na Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa na qual apresenta o seu trabalho iniciado em Paris.
Correndo em Lisboa a notícia (e o sobressalto colectivo daí decorrente) de que as águas da cidade se achavam infectadas, informação essa acompanhada por um aumento súbito do número de vítimas de febre tifóide na cidade e arredores, o então Ministro do Reino José Dias Ferreira decide proceder a um exame científico das águas da capital.
Câmara Pestana é encarregue em 1892, de levar a cabo a análise das águas que abasteciam a cidade, sendo instalado para o efeito um laboratório improvisado no Hospital de S. José.
Aníbal de Bettencourt, médico bacteriologista e higienista, nascido em 1868 em Angra do Heroísmo e formado em junho de 1893 na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa com a dissertação Bacilo typhico e B. coli., é escolhido como seu ajudante.
Face ao sucesso obtido pelo trabalho de ambos, o improvisado laboratório de análise de águas será transformado em Instituto de Bacteriologia de Lisboa (projecto já há alguns anos em estudo) e Luís da Câmara Pestana nomeado seu primeiro director.
Aníbal de Bettencourt continuará a seu lado, mantendo-se o foco na prática médica e no estudo científico da bacteriologia, em particular em torno da febre tifóide e do diagnóstico e soroterapia da difteria[2].
Câmara Pestana é nomeado lente substituto na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa em 1898, passando a reger as cadeiras de Anatomia Patológica e Medicina Legal.
No final de 1899 declara-se uma epidemia de peste na Ribeira da cidade do Porto e uma comissão internacional de médicos é organizada sob a responsabilidade de Ricardo de Almeida Jorge[3] (1858-1939) médico, investigador e higienista, responsável pelos Serviços de Saúde da Câmara do Porto.
Desta comissão fará parte Câmara Pestana mas, durante os trabalhos, contrai o germe da doença, vindo a falecer a 15 de Novembro com 36 anos, no Hospital de Arroios em Lisboa.
A direcção do Instituto Bacteriológico é então assumida por Aníbal de Bettencourt, que em 1901 chefiará uma missão médica a Angola que produzirá o primeiro trabalho sobre a etiologia da doença do sono. Em 1911 é convidado a leccionar a cadeira de Bacteriologia e Parasitologia na Faculdade de Medicina – aquando da integração do Instituto de Bacteriologia na Universidade de Lisboa – publicando vários trabalhos de investigação científica sobre Bacteriologia e Parasitologia, nomeadamente nos Arquivos do Instituto Câmara Pestana, revista criada em 1906. Falece em 1930.
Desde 2008 que o equipamento de laboratório, os instrumentos científicos, a biblioteca e o arquivo do Instituto Bacteriológico Câmara Pestana, integram o acervo do Museu Nacional de História Natural e da Ciência de Lisboa, tendo sido realizado o levantamento e etiquetagem desse espólio científico.
A colecção de fotografia encontra-se sob a responsabilidade do laboratório de conservação e restauro de fotografia, sob a orientação da conservadora-restauradora e curadora Catarina Mateus.
O processo seguido enquadra-se no âmbito da conservação preventiva, que tem como finalidade reduzir o risco de deteriorações futuras nos documentos.
Um levantamento prévio aponta para duas centenas de provas fotográficas, entre provas originais, viragens, provas com molduras cartonadas com variações cromáticas e provas com legenda em diversos tamanhos, estando o conjunto de provas inventariado, acondicionado e digitalizado[4].
Essa inventariação conta ainda com cerca de cinco centenas e meia de negativos em fase de tratamento, entre negativos e positivos em vidro, assim como diapositivos de lanterna, em tamanhos que variam entre 8,5x10cm e 18x24cm.
Em termos das tipologias fotográficas, distinguem-se nesta colecção duas práticas no interior do paradigma mais abrangente da fotografia documental e que grosseiramente defino como construção visual de prova da realidade: uma fotografia científica[5] no âmbito da microfotografia, usada como prova material do trabalho científico e para fins educativos; e uma fotografia institucional de registo do quotidiano do Instituto, variando entre uma abordagem à reportagem documental e a imagem construída, distribuída entre retratos, individuais e em grupo, imagens de arquitectura — interiores e exteriores — assim como paisagens urbanas e campestres.
José Pedro Sousa Dias no artigo O Instituto Bacteriológico: espaço, instrumentos e memória da medicina laboratorial, incluído na publicação Património da Universidade de Lisboa Ciência e Arte indica: tratava-se de um magnífico e intacto laboratório bacteriológico do início do século XX, uma biblioteca, um anfiteatro, um arquivo documental e fotográfico, e milhares de objectos científicos de interesse museológico. Este conjunto constitui um testemunho, único no nosso país, da história da bacteriologia e das ciências biomédicas, e é o que resta do magnífico complexo construído nos últimos anos do século XIX[6].
O Instituto funcionou em dois espaços diferentes — na sua fundação em 1892 foi instalado em duas salas de um pavilhão anexo ao Hospital de S. José, que estavam a ser utilizadas sob a direcção de Câmara Pestana para o estudo bacteriológico das águas de Lisboa. E em 1895 em resultado da crescente procura do tratamento anti-rábico, da descoberta do tratamento da difteria por Émile Roux (1853-1933) e do apoio da rainha D. Amélia, o Instituto Bacteriológico de Lisboa foi reorganizado e viu as suas atribuições ampliadas[7].
Para Dias, as obras de ampliação do Instituto começaram a ser estudadas em meados de 1896 pela rainha D. Amélia, Câmara Pestana, os ministros do Reino e das Obras Públicas – João Franco e Campos Henrique – D. António de Lencastre e o coronel de engenharia Pedro Romano Folque.
Aquando da decisão da construção do Instituto, foi efectuada uma visita a Paris particularmente “ao Instituto Pasteur e a alguns hospitais, tendo este projecto contado com a aprovação de Émile Roux e de Henri Belouet, arquitecto da administração-geral da Assistance publique de Paris e autor dos Études sur quelques hôpitaux en Alemagne (1892)[8]. Concluído em 1900, o Instituto era composto por um conjunto de edifícios independentes que incluíam instalações para a profilaxia anti-rábica, o tratamento da difteria, o fabrico de soros, as análises clínicas e o ensino prático de bacteriologia[9].
Alexandra Marques em O Instituto Bacteriológico Câmara Pestana: Ciência Médica e Cuidados de Saúde (1892-1930) explicita o quadro de pessoal do Instituto por volta de 1911: Nomeadas por escala, estas detinham a incumbência de auxiliar o médico nas sessões de vacinação. Em 1911, o serviço de hospitalização contava com uma enfermeira e com dois criados, que passaram a pertencer ao Hospital de São José. A enfermeira-chefe tinha a seu cargo a enfermaria deste serviço. Os criados deveriam assegurar a limpeza do material e das instalações[10].
A presença e acima de tudo a caracterização das mulheres que trabalhavam no Instituto Bacteriológico – enfermeiras, funcionárias, alunas – surge portanto como questionamento. E se por um lado observamos uma representatividade reduzida no conjunto da colecção fotográfica, consideramos no entanto que as imagens nas quais elas figuram (sendo as figuras 4, 5 e 7 disso exemplo) são instigadoras de análises posteriores em termos fotográficos e sociológicos: como foram fotografadas, quem eram e que papel desempenhavam nesta estrutura.
Por outro lado, as transformações de funcionamento do Instituto em termos do binómio serviço de saúde público e/ou privado e a gratuitidade desses mesmos serviços, são questões centrais ao Instituto que a colecção fotográfica nos permite identificar.
As modalidades de acesso da população aos serviços prestados pelo Instituto, “as consultas e a hospitalização no serviço anti-rábico eram gratuitas para doentes pobres que apresentassem o respectivo atestado”[11]. O tratamento antidiftérico também era gratuito para os doentes pobres, que apresentassem o respectivo comprovativo[12], enquanto que a partir de 1927 o tratamento anti-rábico deixou de ser gratuito para os doentes pobres, que passaram a pagar 20$00 escudos[13].
Em termos materiais e segundo José Pedro Sousa Dias, o primeiro dos edifícios independentes possuía laboratórios especiais de investigação, anexos aos gabinetes do director, do subdirector e dos chefes de serviço, além de uma sala de autópsias, do laboratório de química, do laboratório geral e de outro para o ensino. Também possuía uma sala de biblioteca, com um gabinete de leitura, uma sala de visitas, uma secretaria, um gabinete de histologia e de microfotografia, uma galeria fotográfica ‘ampla e magnificamente iluminada’ e uma aula de projecções[14].
3
4
5
6
Este autor descreve um conjunto de alterações realizadas em data posterior, relacionadas essencialmente com a adaptação a uma maior frequência de alunos duplicando‐se o espaço do ‘laboratório dos cursos’ e da ‘aula de projecções[15] e que terão acontecido pouco depois da integração do Instituto Bacteriológico numa primeira fase na Escola Médico Cirúrgica, e posteriormente na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, logo a seguir à implantação da República de 5 de outubro de 1910.
Por seu lado, Alexandra Marques afirma que «o ensino passou a ser a primeira atribuição do Instituto Bacteriológico Câmara Pestana, desvinculando-se do seu carácter facultativo. A introdução da disciplina de bacteriologia no currículo dos alunos implicou novos ajustes na instituição. (…) Segundo o que relatou, mais tardiamente, Nicolau Bettencourt, o director e os assistentes passaram a ocupar mais horas de trabalho, tanto na leccionação como na preparação de materiais para o ensino.»[16]
Uma observação comparativa entre três fotografias nas quais visualizamos a sala de microfotografia, a sala de aula de projecções (Fig.6) e um retrato colectivo de alunos (Fig.7) permite pensar o papel da fotografia na pedagogia do Instituto: que conteúdos eram fotografados, de que forma e sob que abordagem, sendo possível afirmar, de forma introdutória, que a fotografia científica seria a base deste pressuposto pedagógico.
Sobre a fotografia científica ao serviço da microbiologia, Maria Estela Martins no texto Fotomicrografia traça uma cronologia histórica desta técnica[17] – resultante da associação entre o microscópio e a fotografia – em termos internacionais e nacionais. No contexto português, atribui ao médico e professor Carlos May Figueira (1829-1913) o espaço pioneiro da utilização da fotografia na microscopia[18].
Martins destaca o trabalho de Câmara Pestana e do Instituto de Bacteriologia de Lisboa, que possuía para além de gabinetes dedicados à investigação e ao ensino, um gabinete de histologia – anatomia microscópica – e um de fotomicrografia. Centra em Aníbal de Bettencourt o desenvolvimento da fotomicrografia no seio do Instituto, descrevendo de forma mais detalhada o processo fotográfico por ele utilizado: «(…) praticou a fotomicrografia utilizando placas ortocromáticas e provavelmente um instrumento da Zeiss».[19]
O instrumento referido e o mecanismo utilizado no Instituto Bacteriológico Câmara Pestana (Fig. 6) são numa primeira observação, e tal como a autora sugere, bastante idênticos, entrando igualmente em consonância com o que Alexandra Marques afirma, de que o laboratório do Instituto contava com instrumentos de microfotografia originários da empresa Carl Zeiss em Iena[20].
O artigo História da Fotografia e da sua aplicação à medicina do professor João José P. Edward Clode[21] explora com detalhe as utilizações no contexto português da microfotografia em contexto científico, abordando duas produções fotográficas conjuntas de Câmara Pestana e Aníbal de Bettencourt e publicadas na revista de medicina e cirurgia em 1894, nomeando igualmente a produção fotográfica individual de Bettencourt.
Isabel Marília Peres no artigo Fotografia médica (2014) analisa nas dissertações inaugurais das escolas médico-cirúrgicas de Lisboa e Porto e nas teses de doutoramento das Faculdades de Medicina[22] no período entre 1826 e 1926 «como é que a fotografia foi usada no ensino das várias especialidades médicas, por quem, e quais foram os processos fotomecânicos mais usados.»[23] Afirma que «relativamente à reprodução de fotografias com os processos fotomecânicos, verifica-se que o processo mais utilizado foi o tipográfico de meios-tons, embora se encontrem também reproduções por fototipias, especialmente nas primeiras décadas.»[24]
Descreve ainda a utilização na dissertação de João Alberto Neves de 1901, de uma reprodução por processo de fototipia de três fotomicrografias da autoria de Aníbal de Bettencourt, permitindo confirmar a produção pessoal fotográfica de Bettencourt não só no Instituto como noutros contextos científicos.
Quanto à colecção do Instituto Bacteriológico Câmara Pestana, encontramos nas provas fotográficas visualizadas, duas marcas de identificação autoral que consideramos oriundas da produção interna do Instituto: R.I.B.C.P. Phot. e A. Bettº. Phot..
10
1 S/ marca autoral, s/ título, [finais séc. XIX], Lisboa, Colecção de Fotografia, IBCP. INV. Nº UL10932 Universidade de Lisboa, Museu Nacional de História Natural e da Ciência. Retrato de Luís da Câmara Pestana.
2 s/marca autoral, s/título, [1899?], Colecção de Fotografia, IBCP. INV. Nº UL10947 Universidade de Lisboa, Museu Nacional de História Natural e da Ciência. Instituto Bacteriológico Câmara Pestana (interior).
3 s/marca autoral, s/título, [1899?], Colecção de Fotografia, IBCP. INV. Nº UL10948 Universidade de Lisboa, Museu Nacional de História Natural e da Ciência. Instituto Bacteriológico Câmara Pestana (exterior).
4 R.I.B.C.P.phot. , s/título, [1899?], Colecção de Fotografia, IBCP. INV. Nº UL10971 Universidade de Lisboa, Museu Nacional de História Natural e da Ciência. Enfermaria do Instituto Bacteriológico Câmara Pestana.
5 R.I.B.C.P.phot, Diphteria-quartos d’isolamento, [1899?], Lisboa, Coleção de Fotografia, IBCP. INV. Nº UL11001 Universidade de Lisboa, Museu Nacional de História Natural e da Ciência. Vista sobre corredor amplo e janelas largas de quartos/enfermarias. As mulheres ao longo da composição, terão sido aconselhadas a adoptar esta pose fotográfica ou tinham o hábito da prática fotográfica de retrato? A mulher e a criança do lado esquerdo e mais perto da câmara, encontram-se ligeiramente desfocadas pela diferença entre o movimento e a velocidade de obturador. A mulher usa uma indumentária diferente das roupas longas e aventais que as restantes mulheres que figuram na imagem usam. Será paciente ou mãe da criança paciente?
6 R.I.B.C.P.phot., Aula, s/data, Lisboa,Coleção de Fotografia, IBCP. INV. Nº UL11014 Universidade de Lisboa, Museu Nacional de História Natural e da Ciência. Instituto Bacteriológico Câmara Pestana. Sala de aula preparada para a projecção de imagens. No foco da imagem encontra-se nos sistemas de projecção - mas com leitura do espaço envolvente e do desenho da sala: bancos corridos de madeira, paredes com quadro negro e ilustrações científicas,
porta de entrada e vista de corredor.
7 s/marca autoral, Curso de iniciação de microbiologia(...), 1928, Lisboa, Coleção de Fotografia, IBCP. INV. Nº UL11039 Universidade de Lisboa, Museu Nacional de História Natural e da Ciência. Retrato de grupo, encerramento do curso de iniciação à microbiologia realizado a pedido da Universidade Popular Portuguesa. Legenda original manuscrita com assinaturas dos 24 fotografados – dos quais três mulheres – com a data de 24 de junho de 1928.
Em 1902, o então Instituto de Bacteriologia de Lisboa passa a denominar-se Real Instituto Bacteriológico Câmara Pestana, o que permite afirmar que as imagens com a marca R.I.B.C.P. Phot. foram realizadas depois dessa data e correspondendo ao período em que Aníbal de Bettencourt era já o seu diretor.
Quanto à marca A. Bettº. Phot., ponderamos tratar-se da assinatura utilizada no conjunto das imagens realizadas por Aníbal Bettencourt em seu nome pessoal.
Embora não tenhamos observado provas fotográficas que permitam afirmar a presença física e material de um laboratório fotográfico no espaço do Instituto, a diversidade de tamanhos de impressões fotográficas – inclusivamente as variações de impressão em torno do mesmo original – assim como a introdução de marcas autorais nas molduras cartonadas e/ou nas provas, conduz-nos a ponderar não só a sua existência como a sua importância.
Consideramos a hipótese do estudo e da prática da fotografia terem conduzido Aníbal de Bettencourt a diversificar não só a sua produção fotográfica – visível na heterogeneidade da colecção fotográfica do Instituto Bacteriológico Câmara Pestana – como também a sua actividade pública em torno da fotografia. Integrou a Sociedade Portuguesa de Photographia, fundada em 1907 e provisoriamente sediada no edifício Real do Instituto Bacteriológico Câmara Pestana.
Emília Tavares no artigo Hibridismo e superação: a fotografia e o modernismo português[25] aborda o campo de acção de Aníbal de Bettencourt e da Sociedade Portuguesa de Photografia ao momento do Salão de Fotografia Artística de 1910, numa lógica de defesa da fotografia pictorialista.
Um dos grandes eventos expositivos que consagrou esta estética foi, em 1910, o Salão de Fotografia Artística, promovido pela recém-criada Sociedade Portuguesa de Photographia, realizada no Salão de exposições da revista Illustração Portuguesa.
Associados a esta dinâmica da sociedade e à defesa da fotografia pictorialista, estariam algumas figuras destacadas da cultura e ciência portuguesas, como o escritor Afonso Lopes Vieira, o médico Aníbal Bettencourt, e um dos fotógrafos profissionais mais conceituados no dealbar do século, Júlio Worm.
Pode prefigurar-se como premissa de investigação a busca de paralelos entre essa fotografia pictorialista e as imagens de carácter não científico da colecção Instituto Bacteriológico Câmara Pestana: em termos temáticos, de abordagem estética e pelo prisma das técnicas fotográficas utilizadas nas tomadas de vista ou no tratamento final das impressões fotográficas.
Um pensamento autoral – que estrutura também o movimento e a fotografia pictorialista – parece guiar a abordagem fotográfica do conjunto de imagens que observamos. Visível nas assinaturas que figuram nas provas fotográficas da colecção (assim como nas fotomicrografias que Aníbal de Bettencourt produziu para outros cientistas); na elaboração em termos de composição fotográfica que as imagens reflectem; na intencionalidade colocada no posicionamento das figuras humanas nos retratos e nas fotografias de arquitectura, assim como na experimentação em torno das variações estéticas e expressivas que a impressão fotográfica possibilita.
Esta pequena anotação representa uma introdução à colecção Instituto Bacteriológico Câmara Pestana, começando por uma breve descrição e cronologia do Instituto e dos percursos profissionais e científicos de Luís de Câmara Pestana e de Aníbal de Bettencourt.
A partir da observação de um conjunto de imagens, iniciamos uma análise da prática de fotografia documental do Instituto sob a dupla perspectiva da fotomicrografia para utilização científica e educativa e da fotografia institucional nas tipologias de retrato e paisagem - se por um lado descreve de forma elementar a actividade e materialidade do Instituto, abre espaço a narrativas em torno dos intervenientes neste espaço e das relações entre eles estabelecidas.
Esboçamos como caminhos de pesquisa: o papel das mulheres no Instituto que a representação fotográfica de alunas e funcionárias suscita; o estudo da materialidade no trabalho laboratorial fotográfico; a utilização da fotografia na missão educativa do Instituto ou ainda a afirmação de uma abordagem autoral centrada na figura de Aníbal de Bettencourt, no seio desta colecção de fotografia de características documentais.
[1] Quanto à possibilidade da sua passagem pelo Instituto Pasteur, consultar a tese de Alexandra Marques que analisa com detalhe este episódio.
[2] Da colaboração entre ambos surgirão diversos artigos sobre ciência médica, com destaque para o estudo bacteriológico da epidemia de Lisboa de 1894, o tratamento da raiva em Portugal pelo sistema Pasteur e a febre tifóide. Câmara Pestana publicará vários trabalhos escritos sobre a epidemia de 1894 em Lisboa, o bacilo da lepra, um relatório sobre a análise bacteriológica das águas potáveis de Lisboa e um estudo sobre o tétano.
[3] O relatório produzido por esta comissão conta com fotomicrografias de Plácido da Costa e retratos de Aurélio da Paz dos Reis.
[4] O espólio inclui ainda uma máquina fotográfica de fole com encaixes para negativos de grande formato (18x24cm).
[5] Imagens que apontam um questionamento em termos de fronteira entre os conceitos de amador e profissional, ao serem a expressão de um paradoxo: são a obra de amadores fotográficos – dado a fotografia não ser o foco único nem principal das suas actividades profissionais – e representam a base que definirá a fotografia científica profissional.
[6] José Pedro Sousa Dias, «Instituto Bacteriológico: espaço, instrumentos e memória da medicina laboratorial». in M.C. Lourenço e M.J. Neto, Património da Universidade de Lisboa Ciência e Arte, Lisboa, Tinta da China, 2011, p. 139.
[7] Ibid, p. 140.
[8] Ibid, p. 140.
[9] Ibid, p. 140.
[10] Alexandra Marques, O Instituto Bacteriológico Câmara Pestana: Ciência Médica e Cuidados de Saúde (1892-1930)». Tese de doutoramento, Universidade Évora, 2020, p.117.
[11] Ibid, p. 118.
[12] Ibid, p. 124.
[13] Ibid, p. 118.
[14] Op. Cit., Dias, p. 143.
[15] Ibid, p. 148.
[16] Op. Cit., Marques, p. 154.
[17] Esta técnica irá ser determinante para o desenvolvimento da botânica, da zoologia, da anatomia patológica.
[18] “Nos anos de 1862 e 1863, organizou cursos livres de microscopia na EMCL (Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa), em 12 lições (…) obrigando os alunos a executar diversas técnicas, incluindo a fotomicrografia. (Martins, 2014, p.158) Isabel Martins afirma uma continuidade entre a prática de Carlos May Figueira e a dos professores da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, José Joaquim da Silva Amado (1846-1925), José António Serrano (1851-1906) e José Curry Cabral (1844-1920), mas só encontrando no final do século XIX, uma implementação concreta da fotomicrofotografia nas escolas e hospitais portugueses.
[19] Maria Estrela Martins, «Fotomicrografia». in Costa, F. M. & Jardim, M. E., 100 anos de fotografia científica em Portugal (1839-1939) imagens e instrumentos. Lisboa, Edições 70, 2014, p. 165.
[20] Op. Cit., Marques, p. 56.
[21] João José P. Edward Clode, História da Fotografia e da sua aplicação à medicina. Cadernos em Otorrinolaringologia, 2011, p. 21.
[22] As escolas Médico-Cirúrgicas de Lisboa e Porto passam em 1911 a denominar-se Faculdades de Medicina.
[23] Isabel Marília Peres, «Fotografia médica». in Costa, F. M. & Jardim, M. E., 100 anos de fotografia científica em Portugal (1839-1939) imagens e instrumentos, Lisboa, Edições 70, 2014, p. 120.
[24] Ibid, p. 122.
[25] Emília Tavares, «Hibridismo e superação: A fotografia e o modernismo português». in Arte portuguesa no século XX. Lisboa, Leya, 2011, p. CXXIX.
Situação Crítica
Além do fotograma
Susana S. Martins
What do U Want 4 Xmas?
Vera Carmo
Da pandemia das imagens às imagens necessárias
Fernando José Pereira
Em defesa das imagens pobres
Hito Steyerl
O azul das pirâmides
Susana Lourenço Marques
Thriller, suspense e livros de fotografia
Celia Vega Pérez & Luis Deltell
Ana Pereira
Em termos das tipologias fotográficas, distinguem-se nesta colecção duas práticas no interior do paradigma mais abrangente da fotografia documental e que grosseiramente defino como construção visual de prova da realidade: uma fotografia científica[5] no âmbito da microfotografia, usada como prova material do trabalho científico e para fins educativos; e uma fotografia institucional de registo do quotidiano do Instituto, variando entre uma abordagem à reportagem documental e a imagem construída, distribuída entre retratos, individuais e em grupo, imagens de arquitectura — interiores e exteriores — assim como paisagens urbanas e campestres.
José Pedro Sousa Dias no artigo O Instituto Bacteriológico: espaço, instrumentos e memória da medicina laboratorial, incluído na publicação Património da Universidade de Lisboa Ciência e Arte indica: tratava-se de um magnífico e intacto laboratório bacteriológico do início do século XX, uma biblioteca, um anfiteatro, um arquivo documental e fotográfico, e milhares de objectos científicos de interesse museológico. Este conjunto constitui um testemunho, único no nosso país, da história da bacteriologia e das ciências biomédicas, e é o que resta do magnífico complexo construído nos últimos anos do século XIX[6].
O Instituto funcionou em dois espaços diferentes — na sua fundação em 1892 foi instalado em duas salas de um pavilhão anexo ao Hospital de S. José, que estavam a ser utilizadas sob a direcção de Câmara Pestana para o estudo bacteriológico das águas de Lisboa. E em 1895 em resultado da crescente procura do tratamento anti-rábico, da descoberta do tratamento da difteria por Émile Roux (1853-1933) e do apoio da rainha D. Amélia, o Instituto Bacteriológico de Lisboa foi reorganizado e viu as suas atribuições ampliadas[7].
Para Dias, as obras de ampliação do Instituto começaram a ser estudadas em meados de 1896 pela rainha D. Amélia, Câmara Pestana, os ministros do Reino e das Obras Públicas – João Franco e Campos Henrique – D. António de Lencastre e o coronel de engenharia Pedro Romano Folque.
Aquando da decisão da construção do Instituto, foi efectuada uma visita a Paris particularmente “ao Instituto Pasteur e a alguns hospitais, tendo este projecto contado com a aprovação de Émile Roux e de Henri Belouet, arquitecto da administração-geral da Assistance publique de Paris e autor dos Études sur quelques hôpitaux en Alemagne (1892)[8]. Concluído em 1900, o Instituto era composto por um conjunto de edifícios independentes que incluíam instalações para a profilaxia anti-rábica, o tratamento da difteria, o fabrico de soros, as análises clínicas e o ensino prático de bacteriologia[9].
Alexandra Marques em O Instituto Bacteriológico Câmara Pestana: Ciência Médica e Cuidados de Saúde (1892-1930) explicita o quadro de pessoal do Instituto por volta de 1911: Nomeadas por escala, estas detinham a incumbência de auxiliar o médico nas sessões de vacinação. Em 1911, o serviço de hospitalização contava com uma enfermeira e com dois criados, que passaram a pertencer ao Hospital de São José. A enfermeira-chefe tinha a seu cargo a enfermaria deste serviço. Os criados deveriam assegurar a limpeza do material e das instalações[10].
A presença e acima de tudo a caracterização das mulheres que trabalhavam no Instituto Bacteriológico – enfermeiras, funcionárias, alunas – surge portanto como questionamento. E se por um lado observamos uma representatividade reduzida no conjunto da colecção fotográfica, consideramos no entanto que as imagens nas quais elas figuram (sendo as figuras 4, 5 e 7 disso exemplo) são instigadoras de análises posteriores em termos fotográficos e sociológicos: como foram fotografadas, quem eram e que papel desempenhavam nesta estrutura.
Por outro lado, as transformações de funcionamento do Instituto em termos do binómio serviço de saúde público e/ou privado e a gratuitidade desses mesmos serviços, são questões centrais ao Instituto que a colecção fotográfica nos permite identificar.
As modalidades de acesso da população aos serviços prestados pelo Instituto, “as consultas e a hospitalização no serviço anti-rábico eram gratuitas para doentes pobres que apresentassem o respectivo atestado”[11]. O tratamento antidiftérico também era gratuito para os doentes pobres, que apresentassem o respectivo comprovativo[12], enquanto que a partir de 1927 o tratamento anti-rábico deixou de ser gratuito para os doentes pobres, que passaram a pagar 20$00 escudos[13].
Em termos materiais e segundo José Pedro Sousa Dias, o primeiro dos edifícios independentes possuía laboratórios especiais de investigação, anexos aos gabinetes do director, do subdirector e dos chefes de serviço, além de uma sala de autópsias, do laboratório de química, do laboratório geral e de outro para o ensino. Também possuía uma sala de biblioteca, com um gabinete de leitura, uma sala de visitas, uma secretaria, um gabinete de histologia e de microfotografia, uma galeria fotográfica ‘ampla e magnificamente iluminada’ e uma aula de projecções[14].
Este autor descreve um conjunto de alterações realizadas em data posterior, relacionadas essencialmente com a adaptação a uma maior frequência de alunos duplicando‐se o espaço do ‘laboratório dos cursos’ e da ‘aula de projecções[15] e que terão acontecido pouco depois da integração do Instituto Bacteriológico numa primeira fase na Escola Médico Cirúrgica, e posteriormente na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, logo a seguir à implantação da República de 5 de outubro de 1910.
Por seu lado, Alexandra Marques afirma que «o ensino passou a ser a primeira atribuição do Instituto Bacteriológico Câmara Pestana, desvinculando-se do seu carácter facultativo. A introdução da disciplina de bacteriologia no currículo dos alunos implicou novos ajustes na instituição. (…) Segundo o que relatou, mais tardiamente, Nicolau Bettencourt, o director e os assistentes passaram a ocupar mais horas de trabalho, tanto na leccionação como na preparação de materiais para o ensino.»[16]
Uma observação comparativa entre três fotografias nas quais visualizamos a sala de microfotografia, a sala de aula de projecções (Fig.6) e um retrato colectivo de alunos (Fig.7) permite pensar o papel da fotografia na pedagogia do Instituto: que conteúdos eram fotografados, de que forma e sob que abordagem, sendo possível afirmar, de forma introdutória, que a fotografia científica seria a base deste pressuposto pedagógico.
Sobre a fotografia científica ao serviço da microbiologia, Maria Estela Martins no texto Fotomicrografia traça uma cronologia histórica desta técnica[17] – resultante da associação entre o microscópio e a fotografia – em termos internacionais e nacionais. No contexto português, atribui ao médico e professor Carlos May Figueira (1829-1913) o espaço pioneiro da utilização da fotografia na microscopia[18].
Martins destaca o trabalho de Câmara Pestana e do Instituto de Bacteriologia de Lisboa, que possuía para além de gabinetes dedicados à investigação e ao ensino, um gabinete de histologia – anatomia microscópica – e um de fotomicrografia. Centra em Aníbal de Bettencourt o desenvolvimento da fotomicrografia no seio do Instituto, descrevendo de forma mais detalhada o processo fotográfico por ele utilizado: «(…) praticou a fotomicrografia utilizando placas ortocromáticas e provavelmente um instrumento da Zeiss».[19]
O instrumento referido e o mecanismo utilizado no Instituto Bacteriológico Câmara Pestana (Fig. 6) são numa primeira observação, e tal como a autora sugere, bastante idênticos, entrando igualmente em consonância com o que Alexandra Marques afirma, de que o laboratório do Instituto contava com instrumentos de microfotografia originários da empresa Carl Zeiss em Iena[20].
O artigo História da Fotografia e da sua aplicação à medicina do professor João José P. Edward Clode[21] explora com detalhe as utilizações no contexto português da microfotografia em contexto científico, abordando duas produções fotográficas conjuntas de Câmara Pestana e Aníbal de Bettencourt e publicadas na revista de medicina e cirurgia em 1894, nomeando igualmente a produção fotográfica individual de Bettencourt.
Isabel Marília Peres no artigo Fotografia médica (2014) analisa nas dissertações inaugurais das escolas médico-cirúrgicas de Lisboa e Porto e nas teses de doutoramento das Faculdades de Medicina[22] no período entre 1826 e 1926 «como é que a fotografia foi usada no ensino das várias especialidades médicas, por quem, e quais foram os processos fotomecânicos mais usados.»[23] Afirma que «relativamente à reprodução de fotografias com os processos fotomecânicos, verifica-se que o processo mais utilizado foi o tipográfico de meios-tons, embora se encontrem também reproduções por fototipias, especialmente nas primeiras décadas.»[24]
Descreve ainda a utilização na dissertação de João Alberto Neves de 1901, de uma reprodução por processo de fototipia de três fotomicrografias da autoria de Aníbal de Bettencourt, permitindo confirmar a produção pessoal fotográfica de Bettencourt não só no Instituto como noutros contextos científicos.
Quanto à colecção do Instituto Bacteriológico Câmara Pestana, encontramos nas provas fotográficas visualizadas, duas marcas de identificação autoral que consideramos oriundas da produção interna do Instituto: R.I.B.C.P. Phot. e A. Bettº. Phot..
[1] Quanto à possibilidade da sua passagem pelo Instituto Pasteur, consultar a tese de Alexandra Marques que analisa com detalhe este episódio.
[2] Da colaboração entre ambos surgirão diversos artigos sobre ciência médica, com destaque para o estudo bacteriológico da epidemia de Lisboa de 1894, o tratamento da raiva em Portugal pelo sistema Pasteur e a febre tifóide. Câmara Pestana publicará vários trabalhos escritos sobre a epidemia de 1894 em Lisboa, o bacilo da lepra, um relatório sobre a análise bacteriológica das águas potáveis de Lisboa e um estudo sobre o tétano.
[3] O relatório produzido por esta comissão conta com fotomicrografias de Plácido da Costa e retratos de Aurélio da Paz dos Reis.
[4] O espólio inclui ainda uma máquina fotográfica de fole com encaixes para negativos de grande formato (18x24cm).
[5] Imagens que apontam um questionamento em termos de fronteira entre os conceitos de amador e profissional, ao serem a expressão de um paradoxo: são a obra de amadores fotográficos – dado a fotografia não ser o foco único nem principal das suas actividades profissionais – e representam a base que definirá a fotografia científica profissional.
[6] José Pedro Sousa Dias, «Instituto Bacteriológico: espaço, instrumentos e memória da medicina laboratorial». in M.C. Lourenço e M.J. Neto, Património da Universidade de Lisboa Ciência e Arte, Lisboa, Tinta da China, 2011, p. 139.
[7] Ibid, p. 140.
[8] Ibid, p. 140.
[9] Ibid, p. 140.
[10] Alexandra Marques, O Instituto Bacteriológico Câmara Pestana: Ciência Médica e Cuidados de Saúde (1892-1930)». Tese de doutoramento, Universidade Évora, 2020, p.117.
[11] Ibid, p. 118.
[12] Ibid, p. 124.
[13] Ibid, p. 118.
[14] Op. Cit., Dias, p. 143.
[15] Ibid, p. 148.
[16] Op. Cit., Marques, p. 154.
[17] Esta técnica irá ser determinante para o desenvolvimento da botânica, da zoologia, da anatomia patológica.
[18] “Nos anos de 1862 e 1863, organizou cursos livres de microscopia na EMCL (Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa), em 12 lições (…) obrigando os alunos a executar diversas técnicas, incluindo a fotomicrografia. (Martins, 2014, p.158) Isabel Martins afirma uma continuidade entre a prática de Carlos May Figueira e a dos professores da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, José Joaquim da Silva Amado (1846-1925), José António Serrano (1851-1906) e José Curry Cabral (1844-1920), mas só encontrando no final do século XIX, uma implementação concreta da fotomicrofotografia nas escolas e hospitais portugueses.
[19] Maria Estrela Martins, «Fotomicrografia». in Costa, F. M. & Jardim, M. E., 100 anos de fotografia científica em Portugal (1839-1939) imagens e instrumentos. Lisboa, Edições 70, 2014, p. 165.
[20] Op. Cit., Marques, p. 56.
[21] João José P. Edward Clode, História da Fotografia e da sua aplicação à medicina. Cadernos em Otorrinolaringologia, 2011, p. 21.
[22] As escolas Médico-Cirúrgicas de Lisboa e Porto passam em 1911 a denominar-se Faculdades de Medicina.
[23] Isabel Marília Peres, «Fotografia médica». in Costa, F. M. & Jardim, M. E., 100 anos de fotografia científica em Portugal (1839-1939) imagens e instrumentos, Lisboa, Edições 70, 2014, p. 120.
[24] Ibid, p. 122.
[25] Emília Tavares, «Hibridismo e superação: A fotografia e o modernismo português». in Arte portuguesa no século XX. Lisboa, Leya, 2011, p. CXXIX.
Instituto de Investigação em Arte, Design e Sociedade
Faculdade de Belas Artes
Universidade do Porto
Avenida Rodrigues de Freitas, 265
4049-021 Porto
Este trabalho é financiado por fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e Tecnologia, I.P., no âmbito do projecto UIDP/04395/2020